O município de Ivorá, na Quarta Colônia, abriu as portas do museu “Casa do Nono” na manhã desta sexta-feira (13). O espaço, um resgate da imigração italiana na região, será aberto à visitação a partir da data de inauguração. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a prefeitura e o curso de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Com vista para o Monte Grappa, o museu fica localizado na Rua Euclides Londero, em Ivorá. A casa foi construída em 1893 por imigrantes italianos, a família Londero. Nos últimos anos, foi adquirida pela prefeitura que buscou a UFSM para organizar o acervo e pensar o espaço. A professora de história da instituição, Maria Medianeira Padoin, tomou a frente da iniciativa que mobilizou mais de 20 alunos da graduação e pós-graduação. O objetivo em comum é preservar a memória e a identidade local, agora enraizada no museu:
– Essa casa foi construída por uma família de imigrantes, no final do século 19. Com o tempo, foi passando de família para família e, depois, comprada pela prefeitura. No ano passado, a secretaria de Educação e o setor de cultura, conversaram comigo dizendo que tinham muito interesse em transformar o espaço em museu porque é um espaço muito agradável e havia o desejo de valorizar essa riqueza patrimonial – conta.
Durante a inauguração, também foi lançado um catálogo, digitalizado, do acervo pessoal de Alberto Pasqualini com mais de 16 mil peças documentais. Natural de Ivorá/RS, ele foi um ex-Senador da República, considerado o principal teórico do trabalhismo brasileiro.
O museu está aberto às visitações. Informações sobre horário de funcionamento e agendamentos, pelo telefone (55) 3267-1084 (prefeitura de Ivorá).
O espaço do museu
O museu é dividido em três salas. A primeira é dedicada à história de Ivorá e aborda temas como o passado geológico, a chegada dos imigrantes italianos, a Segunda Guerra Mundial e o período contemporâneo. Entre os itens selecionados estão peças arqueológicas, ferramentas de trabalho utilizadas pelos imigrantes italianos e artefatos militares.
O segundo espaço, denominado “Sala do Nono”, reúne objetos da vida cotidiana dos imigrantes italianos. Já a terceira sala intitulada “Quarto do Monsenhor Busato”, exibe itens religiosos e móveis, recriando o ambiente de vida do Monsenhor Humberto Busato, um pároco local com forte presença política em Ivorá. O colchão de palha, a escrivaninha e o armário de livros são apenas alguns dos itens encontrados no espaço.
Conforme a professora Maria Medianeira, todas as salas têm painéis explicativos, em português de inglês. Mais do que valorizar o patrimônio cultural, a abertura do museu dá início às comemorações dos 150 anos da imigração italiana completados no próximo ano.
– É um lugar simples, mas que valoriza a localidade, a história, a memória e o patrimônio, além de incentivar o turismo. E essa caminhada está muito ligada a ideia do geoparque Quarta Colônia, onde está localizado o município, e a importância de investirmos na região. Tanto que dentro do museu está uma cópia da certificação da Unesco – afirma.
A história da casa
O lote nº 58, foi adquirido por Francesco Londero, que imigrou da Itália com sua esposa, Lucrécia Bertossi, e seus seis filhos. Trata-se de uma casa de pedra, típica da arquitetura italiana. Para a construção da casa foram utilizados blocos de arenito, abundantes na região e com formação geológica de cerca de 120 milhões de anos.
Inicialmente, a casa consistia em um prédio com apenas os quartos. A sala de estar e a cozinha foram construídas separadamente, feitas de madeira colhida localmente e posteriormente reconstruídas com arenito. O nome popular é uma homenagem ao antigo proprietário Ângelo Piccinin Quatrin, que adquiriu o lote em 1957.
Leia também: